Estaremos com um nova coluna no blog, denominada de "Perfil". Nela irei apresentar a biografia de grandes nomes da geografia.
Para dar inicio, segue abaixo uma publicação de Altair em seu blog sobre grandes pensadores.
O humilde pensador
A humildade é uma grande virtude, mas às vezes ela é tão forte que se torna capaz de ofuscar o brilho de pessoas geniais, cujos pensamentos, conceitos e propostas não são totalmente conhecidos, ou são simplesmente desprezados, por falta de ousadia.O Brasil é um país onde já surgiram grandes pensadores, alguns inimitáveis, como José do Patrocínio, Gilberto Freire, Euclides da Cunha, Guimarães Rosa e tantos outros. Entretanto, poucos foram os pensadores brasileiros que extrapolaram os limites da globalidade, tornando-se universais, e esses poucos só conseguiram esta conquista porque sempre incluíram nas suas formulações teóricas os preceitos da vocação regional para explicar a modernidade. E, mesmo considerando o regional, a realidade apresentada por estes pensadores sempre se inseriu num contexto globalizante.







Assim é o professor Aziz Ab'Saber, que interpretando as formações goemorfológicas e as associando com as ciências de natureza humana, conseguiu explicar fenômenos sociais, outrora imperceptíveis.

Estes ilustres pensadores brasileiros, ditos universais, compartilham muitos elementos em comum. Todos foram ou são educadores na acepção maior da palavra, pois sabem o que ensinam e os seus saberes, além de serem frutos do árduo trabalho de resgate do pensamento humano produzido ao longo do tempo, resultam também de suas produções próprias, advindas da pesquisa científica.
Por onde passaram deixaram rastros indeléveis de sua presença marcante, sempre na forma de uma grande obra, uma Universidade, um Instituto, um grande curso, um laboratório de pesquisas etc.
Sempre publicaram obras científicas de real valor. E, por suas idéias avançadas, houve uma época em que tiveram de deixar o país na forma de exilados. Antes, porém, conheceram a arrogância de políticos ditadores, suas armadilhas e os porões frios de seus cárceres. Embora distantes da terra natal, os países que os receberam assimilaram deles o que tinham de melhor, na fase mais produtiva de suas vidas.
Os professores Josué de Castro, Darcy Ribeiro, Anísio Teixeira, Paulo Freire, Milton Santos e Celso Furtado já faleceram.
O professor Aziz Ab'Saber anda encostado por algum cantinho da USP, isto porque as nossas universidades nunca souberam aproveitar a experiência daqueles que podem ser multiplicadores e preferem investir na ingenuidade dos mais jovens, simplesmente porque seus salários são menores.
O professor Horieste Gomes voltou ao Brasil com a anistia. Está diariamente no Instituto do Trópico Subúmido da Universidade Católica de Goiás, onde sua labuta diária é orientar estagiários e bolsistas de graduação; quando sobra tempo, entrega-se com certeza à formulação e organização de mais uma grande obra.
Quem o vê, à primeira vista, passa ao lado sem cumprimentá-lo. Pensam, deve ser um "Zé Qualquer", encostado, por pena da Instituição, numa cadeira sem pompa à frente de uma escrivaninha simples. Sua humildade é tão grande, que em vez de enxergar os defeitos que porventura existem nas pessoas e nos simples objetos, prefere descobrir neles virtudes que sempre existem. Ele pouco se mostra, mas está sempre em evidência por sua sabedoria e bom senso.
Pouca gente sabe, mas o professor Horieste é um dos pioneiros da criação das duas maiores Universidades de Goiás - a UCG e a UFG. Na Católica, ajudou a modernizar o Curso de Geografia; na Federal, foi um dos idealizadores do Centro de Estudos Brasileiros, embrião do Curso de Geografia, além de participar da estruturação do Departamento de Geografia do Instituto de Química e Geociências (hoje IESA) e do então Instituto de Ciência Humanas e Letras.
É autor de uma dezena de livros e incontáveis artigos científicos sobre a geografia e o pensamento geográfico em Goiás, no Brasil e no mundo. Suas idéias sobre território e espaço entendidos no contexto do capital internacional o levaram aos porões de várias prisões no Brasil, onde foi torturado e depois exilado. Lá fora manteve contato com vários geógrafos europeus e, numa forma de intercâmbio que normalmente acontece, trocou idéias sobre as novas tendências da geografia face às mudanças políticas, sociais e econômicas que começavam a se delinear no mundo todo, sobretudo, no mundo capitalista, como, entre outras, a globalização. Isto aconteceu em Lund (Suécia), cuja universidade é uma das mais avançadas da Europa no que concerne ao pensamento geográfico moderno.
Pois bem, neste ano de 2007 o professor Horieste Gomes está completando 50 anos de magistério. É, pois, refletindo sobre suas obras, seu modo de ser, enfim, sobre seu cotidiano que podemos alimentar a esperança de, um dia, poder descobrir o local onde a virtude se escondeu, aprender a grandeza da humildade que sempre o iluminou e, desse modo, poder lhe render toda nossa admiração. Se hoje aprendemos a voar, com certeza ele é a nossa outra asa.
"Vamos, pois, pegar o mundo e virar do avesso,
Vamos juntar os homens num só mutirão,
Vamos chamar a vida pra brincar de roda,
Para assim manifestarmos nossa grande gratidão".
Obrigado Mestre Horieste
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